Capítulo 2
A campainha tocou e eu fui atender. Apareceu à minha frente o meu pai de terno e gravata, com uma pasta na mão. Ele é contabilista, uma profissão que odeia. Ele queria ser economista e mexer na Bolsa de Valores, mas devido ao “azar” como ele costumava dizer, ficou contabilista. Não tem que se queixar: não está em risco de ser desempregado, tem um trabalho assegurado e ganha bem.
-Olá pai. Entre – disse azeda.
-A tua mãe? – perguntou ele com o mesmo tom de voz que tinha usado.
-Estou aqui Luís. Entra.
Ele dirigiu-se á sala de estar onde estava a minha mãe. Ela levantou-se do sofá e cumprimentou-o com um aperto de mão. Nota: eu e a minha mãe não gostamos do meu pai porque ele é um unha de fome e não consegue ver os outros felizes.
-Que parvoíce é essa da minha filha ir para a América brincar às profissões?
-Não é uma brincadeira pai – disse-lhe sentando-me no sofá. – É a realidade.
-Isso é uma estupidez! A menina não pode ir.
-Ai isso é que posso e é por isso que vou – desafiei-o.
-Eu não a deixo ir. Está proibida de entrar num avião rumo ao desconhecido.
-Não é o desconhecido – ripostou a minha mãe. – É apenas outro país.
-Que ela não conhece, Carolina. É perigoso.
-Não, não é! E a Summit vai-me ajudar! Eu não vou estar sozinha, não vou estar desprotegida. E mais, vou ganhar mais do que o senhor ganha num ano.
-Isto tudo é por causa da questão do dinheiro? – virou-se para a minha mãe. – Não acredito que criou uma jovem interesseira.
-Não fale assim com a minha mãe! – gritei. – E não sou interesseira. Se me conhecesse bem, saberia isso.
-Acabou! – gritou também ele. – Você e a sua mãe não vão e ponto final!
-Lamento informá-lo, mas eu sou maior e vacinada e por isso não me pode impedir – afirmou a minha mãe. – E aliás, já está tudo tratado com a Summit e os bilhetes já estão comprados.
Não era verdade a última parte, mas era uma maneira da minha mãe o meter na linha.
-Quando for famosa e fútil como aquela gente, eu direi que não sou seu pai. Esqueça que eu existo.
-Faço tenções de isso mesmo – disse tentando esconder as lágrimas que me assombravam de raiva. – E sendo que já o apaguei da minha memória, faça o favor de sair. Você para mim, é nada. Passou a ser poeira.
-Óptimo. A menina também. Esqueçam as duas que eu alguma vez entrei nas vossas vidas, porque eu farei precisamente o mesmo.
Pegou na pasta e desapareceu da nossa vista. Respirei fundo várias vezes, limpei uma lágrima que sem querer me escorreu do olho e fitei a minha mãe. Ela estava sentada no sofá, sem cor e parecia uma estátua. Não se mexia e parecia que não respirava.
-Oh, mãe! – exclamei ajoelhando-me há frente dela. – Por favor, não fiques assim!
Ela olhou para mim e começou a chorar. Abracei-a e embalei-a tentando acalmá-la.
-Não acredito que ele disse aquilo – sussurrou ela. – Os tempos que eu passei com ele, foram os melhores da minha vida.
-Acredito que sim. Mas ambas sabemos que ele não presta. É um traste! Um monstro.
A minha mãe limpou as lágrimas e exclamou:
-Vamos comprar os bilhetes! Telefonas à Summit a preparar as coisas? Dizes que tens a minha autorização.
Sorri para ela e as duas horas seguintes foram a tratar dos pormenores da viagem e da nossa estadia lá. A Summit disse que já estavam a contar com a presença da minha mãe, por isso fizeram a reserva num hotel para nós as duas onde também iria ficar alguns elementos do elenco e da produção. Também disseram que tinham arranjado um tradutor, mas isso nós tínhamos que pagar; contrataram um professor para eu acabar o 12º enquanto fazia as gravações (N/A: estive a contar os meses e fiz uma previsão de que as gravações do Breaking Dawn deviam de acabar em Março, por isso, as gravações do seguimento da saga, seria mais ou menos em Junho (quando acaba o ano em Portugal, no Brasil não sei quando acaba o ano lectivo, desculpem!)) e iriam buscar-me e há minha mãe ao aeroporto. As passagens já estavam compradas e já não havia volta a dar. Dentro de menos de uma semana estaria a iniciar a minha vida profissional.
***
-Vamos ter saudades tuas! – exclamou a Gabi.
-Eu também. Vão despedir-se de mim ao aeroporto, certo?
-A que horas é que vais? – perguntou a Van.
-O avião parte às oito da manhã por isso, vou estar no aeroporto por volta das sete horas.
-Nós vamos ter lá contigo – disse a Gabi.
-Obrigada. Vocês são as melhores amigas do Universo inteiro!
***
Hoje é o último dia de aulas nesta escola e em todas as aulas os professores diziam que eu era uma das alunas favoritas deles, que teriam muita pena de eu ir embora desta escola e que um dia esperavam ver-me numa revista de famosos. Pronto, OK, admito, fiquei comovida com as palavras dos meus professores.
-Olá Maria Luísa – disse uma voz masculina.
Olhei para trás e avistei o Rui.
-Olá Rui – cumprimentei-o. Nota: ele era meu amigo até ao dia que ele descobriu que eu descobri que ele gostava de mim; a partir daí, deixou de falar comigo e isto já se prolongava desde que andávamos no oitavo ano.
-Soube que te vais embora.
-Sim, é verdade – confirmei.
-Papel em Hollywood, certo?
-Mais ou menos isso.
-Boa sorte. És uma rapariga brilhante e tenho a certeza que te vais sair bem – disse ele.
-Obrigada.
-Então vemo-nos por aí. Talvez um dia, quando voltares – despediu-se ele.
-OK. Tchau.
Ele acenou e foi-se embora. Sentei-me à beira do passeio há espera da minha mãe. Ela finalmente chegou e fomos as duas terminar os preparativos para a viagem. A minha mãe já tinha visto algumas casas que poderíamos comprar, sendo que eu tinha a certeza que depois das gravações não iria voltar para o Brasil. Tenho a certeza que seria contratada para outros filmes.
Fomos dormir cedo e quando acordámos eram cinco e meia da manhã. A minha mãe chamou um táxi e chegámos ao aeroporto eram sete horas em ponto. Como eu tenho as BFF do Universo, lá estavam elas encostadas uma há outra com cara que tinham chorado e não tinham dormido. Atrás delas estava a mãe da Van confirmando assim o que eu suspeitava: elas tinham dormido em casa da Vanessa e não tinham dormido nada, limitando-se a chorar já com saudades minhas.
-MALU! – gritaram as duas mal me viram. Começaram a correr desenfreadas e quase caí ao chão quando as duas me abraçaram.
-Tenho calma! Eu não vou morrer nem imigrar de Planeta!
Elas começaram a chorar e a dizer que iriam sentir muito a minha falta; já estavam a senti-la. E eu delas. Viver num país sem as minhas BFF? Parecia um bocado impossível, mas o que vale é que eu ia com a minha mãe, por isso não iria ficar sozinha.
-Vamos ter muitas saudades tuas! – desabafaram as duas em uníssono. Parecia que alguém as tinha coordenado.
-Malu? – chamou a minha mãe. – Eu sei que tu querias passar mais tempo com as tuas amigas, mas está na hora de fazermos o Check-in. Temos que ir.
Dei um grande abraço nas duas, com as lágrimas a virem-me aos olhos, despedi-me também da mãe da Vanessa e fui com a minha mãe para a fila. Elas viram-me a passar o controlo de metais, mandei um grande beijo a elas e vi-as a desaparecerem para irem para as vidas delas. Não queria que a minha mãe me visse a chorar, por isso disse-lhe que ia há casa de banho. Lá dentro, sentada numa sanita qualquer chorei tudo silenciosamente. Lavei a cara, sequei-a e voltei para junto da minha mãe. Ela já estava há minha espera para entrarmos no avião (sim, eu fiquei meia hora abraçada ás minhas BFF). Por incrível que pareça, ainda estava pouca fila para entrar no avião. Sentámo-nos nos lugares mais atrás e aproveitámos a viagem para acabar de dormir.
-Ladies and gentlemen, the plane will land within minutes. Please fasten your seatbelts. Thank you. (Senhoras e senhores, o avião vai aterrar dentro de minutos. Por favor, apertem os cintos de segurança. Obrigada) – disse a hospedeira ao microfone.
A minha mãe acordou e apertou logo o cinto de segurança.
-Estamos quase lá – afirmou ela.
-Eu sei – disse não conseguindo esconder o meu riso de nervosismo.
Quando aterrámos ficámos ainda um bocado à espera das malas e depois saímos à procura de alguém. Um homem jovem veio abordar-nos em Inglês:
-Hey! Are you Maria Luísa Fortes, right? (Hey! Tu és a Maria Luísa Fortes, certo?).
(N/A: a partir de agora eles vão começar a falar em Inglês, excepto quando eu disser).
-Sim, sou. E esta é a minha mãe.
Ele deu um aperto de mão há minha mãe e disse que era da Summit e que tinha sido encarregue de nos levar até ao escritório para tratarmos de algumas coisas.
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Amei o capitulo
ResponderEliminarO ano letivo aqui no Brasil termina em dezembro
Parabens
Tô empolgada pra o proximo
Obrigada pela informação!
ResponderEliminarFico feliz por estares a gostar.
Bjs