Capítulo 8
-Taylor, são duas da manhã, não queres fazer uma pausa? – perguntei, mas soou mais a uma reclamação. Eu já sabia as minhas falas todas de cor e ele também, mas ele insistia que ainda não estava perfeito.
-Vamos fazer só mais uma vez – pediu ele.
-Posso ir há casa de banho?
-Claro – assentiu ele.
Levantei-me, mas acho que foi demasiado depressa porque cambaleei e se não fosse o Taylor naquele momento com os seus reflexos super rápidos, juro que tinha caído no chão de cara.
-Tem calma – disse ele. – Estás mesmo cansada. Queres que te leve ao teu quarto?
-Não, eu estou bem. Só preciso de ir há casa de banho, a sério – teimei eu.
-OK – respondeu ele, largando-me o braço devagar.
Fui há casa de banho e lavei o meu rosto com água. Sequei-o há ponta da T-shirt e voltei para a sala. Ele dizia as falas baixinho, mas com a entoação certa.
-Está perfeito, Taylor – teimei. – Porque é que insistes em repetir isto vezes sem conta?
-Amanhã vai ser aquela cena em que a Nessie diz ao Jacob que a ama. A cena tem que ser intensa mas ao mesmo tempo romântica.
-Eu sei – afirmei sentando-me no sofá, encostando-me ao ombro dele.
-Não acredito que vais dormir a sesta?!
-Não. A minha cabeça está a pesar demasiado, por isso vou pousá-la um bocadinho – disse com a maior voz de sono.
-Anda, vou levar-te ao quarto.
-Não, eu quero ajudar-te – disse segurando o braço dele.
-Já estás a ajudar-me se me deixares levar-te ao teu quarto e ter a certeza que não está nenhum paparazzi lá dentro – brincou ele.
-OK.
Peguei no meu guião e fui andando para a porta com Taylor no meu encalço.
-A que horas é que temos que estar lá?
-Ás sete. Eles querem gravar as cenas a partir das 10 horas que é quando o sol estiver a aquecer e a clareira tiver luminosidade suficiente.
-Certo. Se eu adormecer bate há porta até eu acordar, OK?
-Certo. Até amanhã – disse ele dando-me um beijo em cada face.
Entrei no meu quarto, meti o despertador para as seis e adormeci vestida mesmo assim.
***
Mas quem é que inventou os despertadores? Que raiva de instrumento que nunca se cala com aquele som de buzina!
Peguei no telemóvel e desliguei-o. Tentei adormecer mais cinco minutos, mas já não foi possível. Liguei a MTV enquanto escolhia o que vestir. Decidi por umas jeans que me ficavam um pouco acima do joelho, um top branco sem alças e um casaco de linho verde só com mangas. Calcei os meus All Star pretos e desci as escadas para tomar o pequeno-almoço calmamente.
Oh, bolas, esqueci-me de avisar a Jane a que horas é que devia de estar no estúdio. Será que o Taylor me podia dar boleia hoje? Não queria abusar da boa vontade da Jane e acordá-la a uma hora destas.
Subi no elevador e bati à porta. Ele abriu-a dois minutos depois, já vestido e com o cabelo ainda por secar.
-Bom dia Maria Luísa – disse ele bem disposto. – A que devo a sua honra tão cedo?
-Esqueci-me de avisar a Jane ontem a que horas é que tinha que estar no estúdio – expliquei. – E para não a acordar a esta hora, estava a pensar se hoje também me podias dar boleia.
-Claro – respondeu ele abrindo a porta do elevador. – Só preciso de tomar o pequeno-almoço primeiro.
-Sim, está bem. Eu fico à tua espera…
-Nem penses – interrompeu ele. – Não me vais deixar sozinho naquela sala de hotel gigante. Imagina que aparece lá um paparazzi? Quero estar bem acompanhado!
-Muito engraçado – ri, mostrando o meu melhor sorriso.
Ele tomou o pequeno-almoço e seguimos para fora do hotel.
Alguns paparazzi estavam lá e começaram a tirar fotografias. Seguimos juntos, mas com alguma distância e entrámos no carro dele. Seguimos até ao estúdio e lá estavam mais paparazzi desta vez acompanhados de algumas fãs.
-Imagino na premiere do Amanhecer – murmurei e ele riu-se.
-Não é tão mau assim. Vais perceber que os fãs são fantásticos à sua maneira. Cada um tem a sua forma de exprimir que nos admira e gosta do nosso trabalho.
-Hum, OK. Vou pensar nisso quando pisar o tapete vermelho.
-Despachem-se! Já deviam de estar a vestir-se – disse o director, mal nos viu. – E por falar nisso, hoje o teu professor vai chegar.
-Pois, sobre isso – esclareci. – Eu vou fazer os testes, os trabalhos de casa e outras coisas por correspondência. Só precisarei de me ausentar três dias para fazer as provas.
-Isso não calha nada bem. Mas nesses três dias farei outras coisas… OK, convenceste-me! – exclamou o Chris. – Mas depois quando chegares vais ter que trabalhar o dobro.
-Prometo – disse. – Podemos ir?
-Já deviam de lá estar!
Vesti as roupas que hoje iria usar, fui ao cabeleireiro e depois ao “quarto” da maquilhagem onde me maquilharam. Depois de estar pronta, fiquei à espera do resto do elenco à porta de um dos estúdios. Senti o cheiro do tabaco e fui dar com a Kristen e o Robert a fazerem… certas coisas. Daí o cheiro horrível do tabaco: ambos estavam com um cigarro nas mãos.
-Desculpem interromper, mas é melhor arranjarem um hotel se quiserem evoluir na relação – disse.
Ambos olharam-me espantados, assustados, incrédulos e furiosos.
-Tenham calma, não irei contar a ninguém – assegurei.
-Prometes? – disse a Kristen desconfiada. – É porque se isto for parar às revistas, estamos feitos.
-Eu compreendo. Ah, e a propósito, quando quiserem estarem aí na marmelada, apaguem os cigarros, eu detecto esse cheiro a quilómetros.
-Obrigado Maria. Ficamos a dever-te uma – disse o Rob.
-Deixa isso.
Virei costas e voltei para o sítio onde estava. Tirei da minha mala o guião e voltei a dar uma vista de olhos à cena que iríamos gravar.
-Oiçam todos! – gritou o Chris mesmo ao meu lado. A Kristen e o Robert vieram para onde todos nos começávamos a juntar e aos poucos já estávamos lá todos. – Vamos dar alguns autógrafos aos fãs assim que sairmos. Os vidros vão ser abertos, mas as portas estarão trancadas.
Entregou-nos uma caneta e quando olhei para ela, nem queria imaginar. Eu iria dar um autógrafo? Não, não era possível! Eu não podia dar, porque ainda ninguém me conhecia. Os meus olhos começaram a ficar marejados de lágrimas e quando uma caiu pela minha bochecha, limpei-a rapidamente.
-Todos já sabem que tu serás a Nessie. Já tens fãs em quase todo o mundo – disse o Taylor mesmo à minha frente.
-Não sei se serei capaz – admiti baixando ainda mais o rosto não tendo coragem para o enfrentar.
-Vais no meu carro atrás, está bem?
-Por favor, escolham com quem querem ir na viagem. Iremos partir dentro de dois minutos – avisou o Chris.
Olhei por cima do ombro dele e lá estavam os fãs e alguns paparazzi.
-Como é que se dá um autógrafo?
-Apenas assina com o teu nome – explicou-me ele. – Anda.
Entrei no carro e fiquei ao lado da Ashley. Ela seria uma boa companhia. O nosso carro foi o segundo e quando vi o primeiro a ser abordado por todos os lados por fãs, apertei mais a minha caneta. OMG, daqui a uns minutos seria eu. Recostei-me no banco e respirei fundo.
-Ainda bem que vou exercitar a minha mão. Há muito tempo que já não dou autógrafos enquanto estou a filmar – comentou a Ashley quase a dar pulinhos do banco.
Olhei para ela horrorizada e desviei logo o olhar.
-Preparem-se – disse o condutor ao qual ainda não sabia o nome. O carro avançou e os vidros abriram-se.
Os gritos das fãs, os flashes, tudo me atormentou e algumas fotos começaram a aparecer mesmo à minha frente. Comecei a assinar todas com a minha rubrica, houve alguns fãs que me tiraram fotos e depois o carro avançou de seguida. Os vidros fecharam-se e recostei-me no banco. Respirei fundo, tentando controlar o tremor das mãos, o frio na barriga e o meu coração acelerado.
-Maria, estás bem? – perguntou a Ash.
-Estou – menti. Meti a mão na minha testa e ela estava a escaldar. Voltei a respirar fundo mais uma dúzia de vezes e finalmente comecei a sentir o meu ritmo cardíaco a abrandar e o frio e aperto na minha barriga desaparecerem. Apertei as minhas mãos uma na outra como se fosse acertar numa bola da voleibol com manchete e com o tempo o tremor terminou. Tinha acabado de dar os meus primeiros autógrafos.
Capítulo 9
O dia estava a começar de aquecer e estarmos na floresta não facilitava muito. O ar estava abafado quando estávamos ao sol e a sensação de claustrofobia tomava conta de mim.
-Vamos começar a gravar! – exclamou o Chris. – Taylor, Maria, aos vossos lugares.
Fui para a frente das câmeras e comecei a dizer as minhas falas com a entoação certa. Os outros elementos do elenco começaram a aparecer e depois desapareceram sem antes de terem dito as falas. Agora, era o momento de beijar o Taylor. OMG, e agora? Não podia corar, não podia fugir, só tinha uma hipótese: entrar ainda mais na pele da Nessie. Começámos a aproximarmo-nos um do outro lentamente, como o guião dizia e… os nossos lábios tocaram-se. Entregámo-nos completamente ao momento, como o guião dizia (N/A: alguém é capaz de a fazer esquecer que esta cena tem guião?). Ele encostou-me a uma árvore e eu empurrei-o ferozmente.
-Corta! – gritou Chris. – Está perfeito! Muito bem!
Todos bateram palmas e senti-me corar. As maquilhadoras começaram a rodear-me e chamaram o Taylor para qualquer coisa.
O resto do dia correu assim. Estivemos a gravar aquela cena até ás seis horas por causa do ângulo da câmera e por haver sempre qualquer coisa. Deram-me algumas brancas assim como a alguns actores e os mosquitos não no deixavam em paz.
-Pessoal! – gritou o Kellan. – Hoje temos entrada VIP numa discoteca aqui perto. Alguém quer vir?
-Contem connosco – disse o Robert.
-Eu também vou – disse a Nikki.
-Estou dentro! – comentou a Ashley.
-Lamento, mas combinei com as minhas filhas irmos ver um filme – informou o Peter. – Lamento, fica para a próxima.
-Elizabeth? – perguntou o Kellan.
-Estou cansada. Quero ir descansar – respondeu ela.
-Taylor?
-Como se fosse preciso perguntares!
-Maria?
Fiquei espantada. Não seria suposto eu também estar incluída e também não podia entrar em qualquer discoteca neste país.
-Não estou autorizada a entrar.
-Minha querida – começou ele. – É óbvio que podes entrar porque vais ser VIP.
-Hum… - ponderei. – OK. Eu vou.
-Encontramo-nos todos no sítio do costume – disse o Kellan. – Ás nove em ponto.
Fomos todos para os carros e quando voltámos aos estúdios, lá estavam as fãs e os paparazzi, mas desta vez (felizmente) não abriram os vidros para darmos autógrafos. Chegámos e despedi-me de todos. Ia-me a dirigir à Ashley quando a Jane me chamou:
-Maria! Vim buscar-te!
Virei-me para ela e pedi-lhe:
-Dois minutos, por favor.
Ela acenou e deixou-me seguir o rumo que estava a tomar.
-Ashley?
-Sim?
-Posso pedir-te um favor? Preciso de ir ás compras urgentemente – disse.
Ela olhou para mim super contente e exclamou:
-É claro que vamos! Agora?
-N-não. E se fosse daqui a meia hora? No meu hotel?
-OK. Eu irei buscar-te. Até já!
-Mas precisas do nome do hotel! – exclamei.
-Oh, não te preocupes. Eu até sei qual é o teu andar.
-OK. Até já – despedi-me e corri para o lado de Jane.
-Já podemos ir?
-Claro – acenei.
Ela arrancou com o motor e chegámos rapidamente ao hotel. Antes de sair do carro ela avisou-me:
-A tua mãe quer falar contigo.
-Obrigada. Até amanhã.
-A que horas é que te venho buscar?
-Ás seis, pode ser?
-Cá estarei – disse ela. Saltei do carro e corri para o hotel, indo para o terceiro piso e batendo à porta da minha mãe.
Quando ela a abriu, tinha o rosto cansado, como se estivesse acordada há várias horas.
-O que se passa mãe? – perguntei em português.
-Entra – pediu ela.
Entrei e ela fechou a porta logo de seguida.
-O teu pai – disse ela e foi o bastante para eu perceber que ele tinha feito alguma coisa. – Ele diz que vem para cá.
-O QUÊ? Ele não pode!
-Pelos vistos pode – continuou ela. – E pior, disse que vai fazer de tudo para tu voltares para o Brasil.
-Não mãe! Por favor, não o deixes! – implorei.
-Sinceramente e apesar de não concordar muitas vezes com ele, acho que desta vez ele tem razão – disse ela cruzando os braços sobre o peito. – Tu chegas tarde ao hotel, levantas-te cedo, estás mais empenhada em gravar tudo correctamente do que nos exames finais. Não faz qualquer sentido.
Como era possível? Ela não estava a confiar em mim! Era óbvio que desde que aqui chegara ainda não tinha estudado para os exames finais mas daí a mudar de ideias? Não podia ser, era isto que eu queria e esforcei-me para o ter. Não vou perder tudo apenas por causa das vontades da minha mãe e muito menos pelas vontades do meu pai!
-EU ODEIO-TE. A TI E AO PAI! ODEIO-VOS! – gritei e subindo até ao vigésimo andar. Entrei no meu quarto e comecei a chorar sem conseguir controlar.
Alguém bateu à porta, mas eu não a abri. OMG, tinha combinado com a Ashley ir ás compras com ela. Não, não podia ser, tinha que ficar para outro dia. Será que o meu vizinho ao lado teria o contacto da Ashley? Não, não podia ir ter com ele assim. E se telefonasse à Jane? Tenho quase a certeza que ela teria.
-Estou, Jane?
-Sim, diz Maria – disse ela do outro lado da linha.
-Tens o contacto da Ashley Greene?
-Tenho, já te envio por mensagem, OK?
-Tá, obrigada – agradeci e desliguei o telemóvel.
Fiquei à espera do SMS da Jane e não demorou muito. Telefonei logo à Ashley a dizer que afinal não podia ir e depois de lhe pedir mil e uma desculpas, ela lá aceitou e disse que ficava para outro dia. Bolas! Será que o dia podia correr pior? Ah, sim, podia, logo à noite tinha que fingir que me estava a divertir.
Tomei um banho bastante demorado e vesti uma camisola ás riscas pretas e brancas, umas calças azuis escuras e os meus All Star. Meti uma maquilhagem em tons de preto e saí do quarto.
-Olá. Ia agora mesmo chamar-te – disse o Taylor.
(http://gossipandstars.files.wordpress.com/2009/05/taylor-lautner-airport-stu.jpeg)
-Oi – disse meio sem graça. – Dás-me boleia?
-Claro. Como se fosse preciso perguntares. O Kiowa também vai connosco. Só temos que o apanhar dois pisos abaixo.
Entrámos no elevador e fomos chamar o Kiowa. Depois, seguimos para o “ponto de encontro” e seguimos o carro do Kellan. Só quando cheguei ao ponto de encontro é que reparei que ia quase todo o elenco, incluindo alguns dos que representavam os Volturi.
Chegámos à discoteca e como tínhamos entrada VIP, entrámos logo lá dentro. A música estava a bombar e estava tudo cheio.
-Ei! Maria! – chamou o Jackson. – Por aqui.
Fui no seu encalço e tínhamos uma área bastante grande só para nós. No dia em que for tão conhecida como o Kellan, vou fazer o mesmo ás minhas BFF. Na zona onde nos sentámos, tinha lá de tudo um pouco por isso, o difícil foi escolher. Escolhi primeiro por uma cerveja.
-O que estás a fazer? – perguntou a Ashley segurando a minha mão.
-Vou beber alguma coisa, posso?
-Não. És menor, por isso, vais beber coca-cola ou algo assim do género. Estão ali algumas – disse ela apontando para trás dela. – Diverte-te.
-Ashley, eu já bebi antes. E nunca fiquei bêbeda – informei-a.
-Tudo bem, mas aqui não – insistiu ela.
Respirei fundo e fui buscar uma coca-cola, depois, sentei-me ao pé da Nikki e da Kristen. Fiquei ali um bom bocado, sem falar com ninguém, pensando apenas no que já mudou desde que recebi o telefonema da Summit. Como é óbvio, a discussão com o meu pai e com a minha mãe, fez-me vir as lágrimas aos olhos e desatei a correr para a casa de banho (era ali perto). Entrei lá dentro e comecei a chorar tudo o que tinha para chorar. Acho que fiquei ali uma meia hora tentando recompor-me. Não podia aparecer ao pé deles com cara de choro, eles iriam logo perguntar o que se passava e eu sabia que não iria aguentar contar-lhes. Saí da casa de banho e voltei para ao pé deles. Via as pessoas a dançarem na pista mas não me apeteceu ir. Eu adorava dançar com as minhas BFF sempre que íamos a alguma balada, mas hoje não era motivo para festejar.
Recostei-me no sofá e fiquei à espera que o Kiowa e o Taylor quisessem ir embora. Felizmente que isso aconteceu bem mais cedo do que esperava.
Despedimo-nos do Kiowa no elevador e este subiu logo assim que a porta se fechou. Eu e o Taylor ficámos calados o tempo todo. Quando já estava com a chave na fechadura da minha porta, ele perguntou-me:
-Está tudo bem contigo? Estiveste super ausente na discoteca.
-Não me apetecia ir, só isso – menti, tentando evitar que as lágrimas escorressem para as minhas faces.
-Maria, tu estás quase a chorar – afirmou ele e eu não aguentei. Desatei a chorar naquele mesmo momento e ele confortou-me com um abraço. – Eu sei que não é fácil. Está muita pressão nos teus ombros.
-Não, não é isso – disse rapidamente, tentando limpar as lágrimas. – É… são problemas pessoais, não ligues.
-É óbvio que não posso ignorar. Estás assim desde que saímos do hotel. Se é um problema pessoal, esse é muito grave.
-Taylor…
-Por favor. Preciso que confies em mim – disse ele, prendendo os meus olhos aos dele.
-Eu… não, desculpa – disse metendo a chave à porta e preparando-me para entrar.
-A Kristen é a minha melhor confidente – sussurrou ele. – Ela sabe praticamente tudo sobre a minha vida. Gostava que alguém confiasse em mim como eu confio nela.
Gelei. Ele estava a… oh, não, não pode ser. Ele pensa que eu não confio nele.
-Eu confio em ti – assegurei. – Só não me… é complicado.
-Acho que mesmo assim estou pronto para ouvir.
Tirei a chave da porta e fomos os dois para o quarto dele. Quando cheguei lá, o quarto estava arrumado, limpo e a janela estava aberta. Ele encarregou-se de a fechar logo e virou-se para mim. Disse para eu me sentar no sofá e assim o fiz.
-Conta-me o que aconteceu – pediu.
-Vou começar desde o início – avisei-o. – O meu pai nunca teve uma boa relação comigo e com a minha mãe desde que me lembro. Ele… ignora-me o máximo que pode e nunca aceitou qualquer decisão que tomasse. Com a minha mãe ele faz precisamente o mesmo.
Parei. Não aguentaria começar a história do porquê de eu estar assim. No entanto, eu confiava nele e tinha a certeza que ele não contaria nada a ninguém.
-Quando recebi a notícia que iria fazer este papel, o meu pai não aceitou e agora ele vem para cá e a minha mãe diz que seria melhor voltar para o Brasil – disse de um só fôlego. – Pronto, já disse.
Parei de respirar, esperando que as lágrimas não voltassem a cair do meu rosto.
-Nunca estive numa situação dessas mas, acho que te posso ajudar.
-Como assim?
-O que faria o teu pai mudar de opinião? – perguntou ele.
-Não o conheço assim tão bem. Acho que… sei lá! Taylor eu já tentei de tudo, acredita!
-Hum, OK. Havemos de arranjar uma solução – garantiu ele. – Prometo.
-Obrigada. Obrigada por seres meu amigo, nunca me teres julgado e por seres tão compreensivo. Nunca conheci uma pessoa assim. Quer dizer, com excepção das minhas BFF, mas elas agora não estão aqui, por isso, passaste a ser o meu BFF.
-Eu tive sorte. Se os meus pais nunca tivessem aceite o que eu queria ser, não estaria aqui.
-Tenho que ir – disse levantando-me. – Falamos amanhã, OK?
-OK. Tchau – disse ele aproximando-se de mim para se despedir, mas parou de repente e perguntou: - Como é que foi beijares-me?
Só podia estar a brincar! É óbvio que não iria dizer-lhe que tinha sido maravilhoso porque eu era fã da saga. E também não iria dizer que tinha um fraquinho por ele.
-Foi bom. Fizemos tudo bem – disse.
Despedi-me dele e fui para o meu quarto. Amanhã teria que acordar cedo, por isso, vesti o meu pijama e fui dormir.
©AnaTheresaC
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